domingo, 5 de abril de 2015

Mushoku Tensei: Capítulo 2 - A Empregada Inexpressiva

Parte 1

Lilia foi uma vez uma empregada-guardiã do palácio de uma concubina em Asura.

Empregada-guardiã: uma empregada que tem a qualidade para ser uma guardiã.

Normalmente fazendo o trabalho de uma empregada, mas se algo acontecesse, ela usaria a espada para proteger seu mestre.

Lilia fielmente cumpriu seu dever, e como empregada não haviam reclamações.

Mas, como uma guerreira de espadas, sua habilidade estava num nível apenas normal.

Por causa disso, na batalha contra o assassino que almejava a vida da princesa que tinha nascido à pouco tempo, por um momento de descuido, ela foi atacada e ferida na perna pela espada curta de seu oponente.

Veneno havia sido aplicado na espada. Esse era um veneno feito especialmente para matar a realeza.

Não havia antídoto ou magia de cura para tratar tal problemático veneno.

A ferida foi imediatamente tratada e graças as mais variadas tentativas do doutor neutralizar o veneno, mesmo que havendo efeitos colaterais deixados, sua vida estava a salvo.

Não havia problemas no dia-a-dia, mas ela não podia correr ou pisar com a sua força máxima.

O reino a descartou sem nenhuma hesitação.

Isso não era nada incomum. E Lilia também aceitou.

Perdendo sua habilidade, era certo que ela perderia sua posição.

Mesmo que compensação em dinheiro não tenha sido dada, era de se considerar pura sorte não ser silenciada em segredo apenas por trabalhar no palácio da concubina.

Lilia deixou a capital.

O responsável pela tentativa de assassinato da princesa não foi encontrado.

Lilia sabia que, pelas regras do palácio da concubina, ele se tornaria o próximo alvo alvo.

Ou talvez, o reino propositalmente deixou Lilia sair para assim atrair o mandante do assassinato.

Ela sempre se perguntou porquê, ela que não tinha um passado foi aceita no palácio da concubina, e agora ela finalmente entendia o por que. Eles queriam contratar apenas empregadas que podiam ser usadas e então descartadas.

Não importava como, mas para sua própria segurança, ela tinha que deixar a capital para o mais longe e o mais rápido possível.

Mesmo que o reino a tratasse como uma isca, já que não lhe foram dadas nenhuma ordem, como tal não havia razões para protegê-la.

E ela não possuía nenhum pensamento de completar essa tarefa por lealdade.

Indo de carruagem em carruagem e chegando à Fedoa, a distante terra da fronteira que tinha vastas terras agrícolas.

Além da cidade de Roa no coração deste lugar, onde vivia o governante, havia apenas campos de trigo extremamente vastos, um lugar quieto.

Lilia pretendia arrumar trabalho aqui.

Mas por culpa de sua perna, não conseguia encontrar um trabalho baseado em força física.

Era possível ensinar manejo de espadas, mas era melhor ser contratada como uma empregada.

Por o salário ser maior.

Naquele lugar, o número destes que podem brandir e ensinar a arte das espadas era enorme, mas as chances de encontrar uma empregada que havia sido completamente ensinada a lidar com as tarefas de casa eram comparativamente mais escassas.

O salário aumenta onde há menos competição.

Mas ser contratada pelo governante de Fedoa ou qualquer outro nobre de alta classe era perigoso.

As pessoas daquele nível definitivamente possuíam laços com o Rei.

Se eles soubessem que ela era uma empregada que trabalhou no palácio da concubina, haveria a possibilidade de ela ser tratada como uma ferramenta política.

E em relação à isso Lilia queria ficar o mais longe possível.

Ela não queria ver aquele tipo de situação onde ela quase perdeu a vida outra vez.

Mesmo que fosse um pouco ruim para a princesa, Lilia esperava ficar longe das disputas por poder da realeza.

Mas se o seu salário fosse muito baixo, o dinheiro mandado para sua família não seria o suficiente.

Tentar encontrar um trabalho seguro e um salário garantido não era fácil.

Parte 2

Depois de vagar para todo lado por um mês, Lilia se deparou com uma nota de anúncio.

No vilarejo de Buina, em Fedoa, um cavaleiro de baixa classe estava procurando por uma empregada.

E acima disso, a nota dizia que seria dada prioridade especial para quem soubesse cuidar de crianças e tivesse experiência como parteira.

Buina era um pequeno vilarejo na borda de Fedoa.

Um vilarejo entre os vilarejos. Uma área extremamente rural.

Mesmo que isso bem inconveniente, esse era o lugar que ela procurava.

Além de que, o fato de o empregador ser um cavaleiro de classe baixa era um achado inesperado.

Mas mais importante que isso, ela teve uma boa impressão do nome do empregador.

Paul Greyrat.

Kouhai de Lilia.

O filho de um nobre que certo dia repentinamente invadiu o dojo onde Lilia estava aprendendo esgrima.

Segundo Paul, ele havia saído de casa após brigar com seu pai e tinha vindo para o dojo para aprender a brandir uma espada.

E como ele também tinha praticado esgrima em sua casa, mesmo que um estilo diferente, ele a superou depois de não muito tempo.

Para Lilia, isso não era algo interessante, mas ela havia entendido que não possuía talento, e assim desistiu.

Paul, que esbanjava um enorme talento, deixou o dojo após cometer um erro.

Ele deixou apenas uma frase para Lilia [Eu me tornarei um aventureiro].

Um homem igual a uma tempestade.

Esse adeus já havia sido dado a 7 anos atrás.

E ele na verdade se tornou um cavaleiro e se casou.

Embora ela não soubesse que tipo de dificuldades ele tenha passado em sua vida, nas memórias de Lilia, Paul não era um cara mal.

Se ela falasse sobre seus problemas, ele certamente iria ajudá-la.

Se isso não funcionasse, então ela usaria alguns eventos do passado.

Tinha algumas coisinhas que ela poderia usar para negociar.

Lilia decidiu isso e partiu em direção ao povoado de Buina.

Paul contratou Lilia sem grande alarde.

Parecia que sua esposa Zenith estava prestes a dar a luz, e ele estava bastante ansioso.

Lilia tinha sido exemplarmente instruída como uma parteira para o nascimento da princesa. E além do mais, ela era alguém a quem Paul conhecia, assim como suas origens.

Lilia foi recebida com calorosas boas-vindas.

Seu salário era maior do que ela esperava, e assim seu desejo também foi realizado.

Parte 3

A criança nasceu.

Não houve nenhuma complicação no parto ou algum incidente inesperado. Foi do mesmo modo que ela havia treinado no palácio da concubina.

Sem problemas. O parto foi um grande sucesso.

Exceto pelo fato do bebê não ter chorado ao nascer.

Lilia nesse momento começou a suar frio.

O bebê expeliu os fluídos amnióticos imediatamente após nascer, mas ele meramente levantou sua cabeça sem nenhuma emoção e não fez nenhum barulho.

Sua face inexpressiva fazia-se pensar num recém nascido morto.

Lilia examinou o bebê, e sentiu o seu coração pulsando. Ele também respirava.

Mas ele simplesmente não chorava.

Lilia lembrou-se das palavras de sua senpai no palácio.

Bebês que não choram ao nascer normalmente têm complicações.

No instante em que ela pensou nisso.

[Ah, ah.]

O bebê olhou para ela e murmurou algo sonolentamente.

Lilia relaxou após ouvir aquilo.

Mesmo que não houvesse provas concretas, ela sentiu que não havia problema algum.

O nome dessa criança seria Rudeus.

Uma criança que fazia as pessoas se sentirem desconfortáveis. Nunca chorando ou bagunçando. No começo pensou que era por seu corpo ser meio fraco, então cuidar dele seria mais fácil, fazendo disso algo bom.

Mas aquele pensamento se manteve apenas no começo.

Depois de Rudeus aprender a engatinhar, ele começou a andar pela casa toda.

Por toda a casa. Cozinha, porta dos fundos, armazém, o lugar onde os produtos de limpeza eram mantidos, lareira....... etc.

Até mesmo o segundo andar, embora ninguém fosse capaz de imaginar como ele subiu até lá.

De qualquer modo, assim que se tirava os olhos dele, ele desaparecia imediatamente.

Mas ele sempre era encontrado em algum lugar da casa.

Ainda que ele ocasionalmente olhasse para fora pelas janelas, ele ainda parecia estar com medo de ir para fora.

Lilia estava instintivamente com medo desse bebê. Quando foi que isso começou?

Provavelmente foi quando ele desapareceu e foi encontrado mais tarde.

Na maioria dos lugares, ele estava sorrindo.

Algumas vezes ele ficava olhando para os vegetais, olhando para as chamas dançantes das velas, o simplesmente olhando para as calcinhas que ainda não haviam sido lavadas.

Rudeus murmurava alguns sons, e dava um sorriso que fazia os outros se sentirem enojados.

Esse era um sorriso que naturalmente deixava as pessoas com nojo.

Quando Lilia trabalhava no palácio da concubina, ela teve de ir para o palácio principal para uma missão. Os nobres de alta classe que ela encontrou lá tinham sorrisos similares.

O tipo de sorriso de um careca com barriga uma gorda balançando, olhando para os peitos de Lilia.

Esse era o tipo de sorriso comparável ao do bebê nascido a não muito tempo atrás.

A coisa mais assustadora era carregar Rudeus no colo.

O nariz de Rudeus avermelhava, os cantos de seus lábios se curvavam para cima, e sua respiração acelerava enquanto ele enfiava sua cara no meio dos peitos de Lilia.

E então ele fazia barulhos estranhos, como se escondesse sua própria risada, com um [Huuu] ou [Ohhh] em meio desses sons.

Nesse instante, o corpo todo de Lilia era atacado por um terrível calafrio.

E ela não podia evitar a vontade querer jogar o bebê e esmagá-lo no chão.

Fofura, esse bebê não possuía nenhuma.

Aquele sorriso assustava as pessoas.

O mesmo sorriso que os grandes nobres possuíam. As pessoas de quais os boatos diziam comprar várias jovens escravas.

Mesmo ele sendo um bebê nascido recentemente.

Lilia sentia um desconforto insuportável, e até mesmo sentia estar em perigo.

Lilia pensou bastante sobre as coisas.

Esse bebê era muito estranho.

Poderia ser que algum espírito ruim havia o possuído?

Ou algo parecido, como uma maldição.

Lilia se levantou tamanha ansiedade.

Ela foi para uma lojinha e gastou um pouco de dinheiro para comprar as coisas necessárias.

Quando os Greyrats foram dormir, ela fez um ritual caseiro para expulsar maus espíritos.

Claro, isso foi mantido em segredo de Paul e sua família.

No segundo dia, após carregar Rudeus de novo, Lilia entendeu.

Isso foi inútil.

E ele continuava nojento como sempre.

Um bebê mostrando uma expressão dessas fazia as pessoas sentirem medo.

Zenith disse: [Quando eu dou de mamar, ele fica lambendo....]

Isso tinha se tornado um caso sério.

Mesmo que Paul não tivesse nenhum autocontrole em relação a mulheres, ele não era assim tão nojento.

Essa coisa de hereditariedade era muito estranha.

Lilia outra vez se lembrou.

Ela tinha ouvido uma história no palácio.

Num longo tempo atrás, um príncipe de Asura foi possuído por um demônio. Para reviver aquele demônio, ele rastejava erroneamente toda noite.

E quando uma empregada que não sabia de nada o abraçou naquele momento, o príncipe usou um punhal que estava escondido atrás de sua cintura para perfurar o coração daquela pessoa, assim a matando.

Aquilo era muito assustador.

Será que Rudeus é algo parecido com aquilo?

Não tinha erro. Ele era aquele tipo de demônio.

Ele ainda é inofensivo por enquanto, mas um dia ele despertará, e enquanto todo mundo estiver dormindo, ele irá, um por um........

Ahh...... Eu me decidi muito rápido.

Apenas me decidi demasiadamente rápido. Eu não deveria ter aceitado esse trabalho. Eu serei atacada cedo ou tarde.

......Lilia era uma pessoa que acreditava seriamente nesse tipo de coisa.

Parte 4

No começo do segundo ano, ela continuava com medo dele.

Ela não sabia quando isso havia começado,

Mas os movimentos imprevisíveis de Rudeus começaram a mudar.

Ele não desaparecia mais como um ninja, e normalmente ficava no escritório de Paul no segundo andar.

Falando em escritório, essa era uma sala com alguns livros.

Rudeus ficava lá e não saía.

Lilia secretamente o observava, e o viu murmurando para si mesmo enquanto lia um livro.

Um murmúrio sem sentido.

Deveria ser assim. No mínimo, essa não era uma língua comumente falada nessas terras.

Ainda era muito cedo para ele aprender a falar. E claro, as letras ainda não haviam sido ensinadas para ele.

Assim ele era apenas um bebê olhando um livro enquanto fazia sons aleatórios.

De outra forma, isso seria muito esquisito.

Mas Lilia sempre sentiu que esses sons carregavam um significado e uma estrutura.

Rudeus parecia entender o conteúdo do livro.

Isso era muito aterrorizante.....

Lilia sempre pensava isso enquanto observava Rudeus pela fresta da porta.

Mas o estranho era que isso não causava nenhum sentimento desagradável nela.

Parando pra pensar, desde que ele começou a se trancar naquela sala, aquela desconhecida sensação de desconforto gradualmente desapareceu.

Embora ele ocasionalmente mostrasse seu sorriso nojento enquanto ela o carregava, ele não era desagradável.

Ele não enfiava mais seu rosto em seus peitos, e não começava a ofegar subitamente.

Por que ela sempre o achou assustador?

Ultimamente ela havia começado a sentir que ele era sincero e esforçado, e não queria incomodá-lo.

Zenith parecia compartilhar destes sentimentos.

Depois disso, Lilia sentiu que não se preocupar com ele era melhor.

Essa era uma idéia que ia contra o senso comum.

Na verdade, era anormal para seres humanos não se preocuparem com uma criança nascida a pouco tempo.

Mas recentemente havia sinais de conhecimento nos olhos de Rudeus.

Eles eram apenas olhos “chikan” alguns meses atrás, mas agora havia uma forte vontade e um brilhante conhecimento neles.

O que deveria ser feito? Mesmo que ela possuísse o conhecimento para cuidar de crianças, Lilia, que não tinha experiência, achou difícil julgar.

Ela não conseguia lembrar se foi sua senpai no palácio da concubina ou sua mãe em sua cidade natal que disse isto, mas não existia uma forma correta de se criar uma criança.

Pelo menos ela não se sentia mais enojada, desconfortável ou aterrorizada.

Então ela decidiu que era melhor não perturbá-lo.

Afinal, isso poderia fazer com que ele voltasse a ser como era antes.

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